sábado, 19 de novembro de 2016

SOCIALISTA SIM

Tenho em mim os velhos sonhos dos avós,
As necessidades dos filhos e sobrinhos,
A esperança dos netos, alheios e quietos,
Aguardando o mundo que herdarão.

Em mim cruzam-se todos os caminhos,
Irreleva-se o tempo e se revela o amanhã,
Cardápio de muitas opções a disposição,
Desafiando escolhas.

Há os que caminham à esquerda,
Certos de que o humano é razão e eixo,
Sujeito de todas as coisas criadas,
E há os que vão à direita, acreditando
O humano mero apêndice da produção.

Há os que seguem em linha reta,
Nem à esquerda nem à direita,
Esperando apocalipses e armagedons,
Anunciados desde sempre e sempre,
Entregando à providência o destino.

Há os na linha reta por acomodação,
Seja porque farto na limitada refeição
Ou de refeição ilimitada, subtraída
Dos de refeição nenhuma, esperando.

Canibal, predador de si mesmo,
O homem é um animal estranho:
Enquanto se dividem na rivalidade,
Os senhores do rebanho os abatem,
Sem motivos, sem dó nem piedade.

Quando o homem entender
Que o dinheiro é só objeto de troca,
Intermediando trabalho e coisas,
Quando não trabalho e trabalho,
E não um deus frio e profano,
Reinando no altar dos sonhos,
Soberano, exigindo imolações,
Esquerda, direita e centro sumirão,
Com o homem substituindo, feliz,
Os bolsos e bolsas por corações.

Francisco Costa

Rio, 31/07/2016.

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