domingo, 5 de abril de 2015

CARTINHA DE AMANTE

Perdão, poesia,
não tenho como atender aos teus reclamos
e me deixar seduzir por tua voz.

Não te sintas preterida ou abandonada,
pense-me como um marido atarefado
que saiu para trabalhar e voltará logo.

Urgências outras me reclamam,
tão urgentes que longe dos versos,
dos voos poéticos, alucinatórios.

Claro que permaneço afeito a beijos,
pulsando sexo e ânsia de encontros,
namoricos insinuados no papel
e mensagens subliminares de vou,
mas o tema que se impõe é outro,
transcende as minhas necessidades
e afoga em uivos e medos, indignação,
o meu coração desanimado, anestesiado
em dor e solidariedade, luta constante
por mudanças maiores que meus versos.

Logo mais volto e prometo recomeçar.
Por enquanto descanse na inspiração,
durma e sonhe que voltarei vitorioso.

Beijão desse sempre dedicado amante.

Francisco Costa
Rio, 01/08/2014.

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