domingo, 21 de dezembro de 2014

Som que ecoa nas minhas entranhas,
Tua voz é apelo, pedido, ordem posta,
Toda uma sinfonia que se estampa doce,
Melodiosa, em oposição ao silêncio,
Semeadura e safra na tua ausência.

Ainda que eivada de raiva, contrariada,
Permanece vestida de encanto, leve,
Em apelo de fim ao que contraria,
Suave contraponto entre beijos, sorrisos,
Esbanjando o que me subjuga e redime.

Se insegura, trêmula ou indecisa,
Mais sobressai o que seduz e fascina,
Arregimentando desejo ardente
De adoção e afagos, proteção,
Em temporária e incestuosa paternidade.

Triste, saudosa do que não sei, distante,
Apenas balbucia solidão e ausência,
Obrigando-me a ouvidos atentos,
Mas inúteis, tristemente inúteis,
Como mãos querendo segurar sombras.

Francisco Costa

Rio, 13/12/2014.

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