quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quero um poema corrosivo,
Com a secura do agreste,
O silêncio das montanhas,
Navalha rasgando as carnes
De quem se aventure nele,
Hostil e deliberadamente mau.

Mais que um poema, uma arma,
Capaz de contundir, lacerar,
Ferir fundo e completamente,
Pronto a impor sofrimento
E obrigar a que se defendam.

Talvez assim consciências brotem
Ou acordem da letargia
A que se autoimpuseram,
Viciados em poemas leves,
Breves, temperados
Com mel e açúcar.

Não há parto sem dor
Nem dor sem consequências.

Francisco Costa

Rio, 26/08/2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário