quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quando o dia se faz cacos dos acontecimentos,
Resquícios de pretensões e fatos consumados,
As cores migram para os arquivos da saudade.

Um homem é o seu passado, acervo distraído
Do que o trouxe e sustenta, justifica e ostenta.

Nenhuma noite se repete, nenhum dia é igual,
Nada retorna para se mostrar de novo, em bis,
Porque o universo caminha em constância
De rio perene, em remanso e ritmo moroso,
Cada vez mais longe da sua nascente, fonte
Do que já nasceu foz, vertedouro de si mesmo
Atestando a própria história, lastimando
As margens que o contiveram
E as pedras que atrapalharam,
Impotente para retornar e mudar tudo.

Em autocrítica, um rio pode dizer
“Tanto esforço para me diluir no mar”
Ou “cresci e me tornei um oceano”,
E aqui reside a felicidade, a suprema utopia,
Túmulo da realidade, berço da poesia.

Francisco Costa

Rio, 10/11/2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário